Matéria (Murilo Macionk) ROBALO NA "VALETA"

06/08/2013 08:58

 

Olá amigos pescadores de todo o Brasil, hoje resolvi escrever um pouco sobre uma das espécies mais cobiçadas por pescadores esportivos do brasil, o tão afamado ROBALO.

 

Quando se fala em pesca esportiva do robalo, que tipo de ambiente e forma de se locomover nele lhe vem primeiramente à mente? Mangues cheios de galhadas e um caiaque? Costões rochosos ou canais e um barco com motor de popa, ou até mesmo os pés na areia e arremessos longos no arrebentação de alguma praia?

Já imaginou que há como se fazer uma pesca produtiva em quantidade de robalos, em locais de acesso extremamente fácil como uma praia, mas sem ter de usar varas longas, e utilizar iscas artificias como no mangue, mas sem a necessidade de um barco ou caiaque?

 

Pois é amigos, muitas vezes nosso querido robalo está presente onde se menos espera. Há alguns anos atrás, tive a felicidade de poder conhecer pessoalmente um amigo que conheci em uma rede social e começamos a pescar juntos, a amizade vem se fortalecendo a cada arremesso em nossas pescarias, e sempre que possível, vou visitar meu amigo para pescarmos pequenos robalos nas valetas da praia onde ele mora. Sim, isso mesmo que você leu, pequenas “valetas”, aquelas que escoam água da chuva em diversos balneários de nossas praias e que muitas vezes passam despercebidas.

Por se tratarem de pequenos canais que escoam água e que vão diretamente ao mar, é possível sim encontrar pequenos tricks, pevinhas e até mesmo pequenos flechas e outras espécies de água salgada e também de água doce quando se pesca mais acima de onde o local dá acesso ao mar.

 

Legenda: Pequena “valeta” de água da chuva, muitos robalinhos te aguardam nesses locais!
 

Quando iniciei a pescaria em tais locais, não acreditava muito que pudessem existir tantos trickzinhos como meu amigo relatou, mas o robalo é um peixe muita adaptável a diversos ambientes e se faz presente em praticamente qualquer local em que haja água razoável e disponibilidade de alimento, e quando se pesca nesses locais com o equipamento adequado, pode-se passar dias inteiros cheios de boas fisgadas e muita diversão, é claro que dificilmente se vá pescar aquele “robalão” do tamanho de foto capa de revista, mas mesmo assim ainda vale muito a pena passar o tempo com os pequenos tricks.

 

Legenda: pequenos robalos pegos em valetas.

 

Para pescar os pequenos robalos que habitam as “valetas” e pequenos riachos, deve-se levar em conta que, pelo tamanho diminuto dos exemplares, o ideal é utilizar um equipamento Ultra Light e iscas pequenas, apesar deles atacarem vigorosamente camarões artificiais e plugs que muito bem podem ser utilizados para exemplares de tamanho médio a médio grande, prefiro as iscas pequenas para garantir melhores fisgadas, uma vez que a isca se acomode bem na boca do peixe.

É importante verificar qual é a alimentação dos peixes sempre, e nessas valetas o que constatei é que eles se alimentam abundantemente de pequenos camarões e predam também os pequenos guarús (barrigudinhos), uma vez que esses locais são forrados com esses bichos. Até mesmo os próprios barrigudinhos, pertencentes a família dos poecilideos são extremamente adaptáveis e aceitam muito bem tanto a água doce como salgada, por isso abundam em qualquer local com uma água razoavelmente limpa.

 

 

Para minhas pescarias prefiro utilizar uma vara de molinete ultra light, com 5 pés de comprimento até 8 Lbs., com um molinete pequeno, linha multi 0.10mm ou mono 0.20mm, no caso da linha mono, uma 0.15mm seria mais que suficiente para segurar os bichinhos, mas desaconselho o uso de uma linha tão fina pois qualquer pequeno enrosco acaba arrebentando, e é comum enroscar ela em alguma coisa dentro ou fora da água.

 

Como iscas, pequenos camarões artificias, com e sem jig, nas cores verde, transparente, vermelhos e até os glow se mostraram eficientes, quando se pesca mais próximo do mar e a maré está cheia, a água costuma ficar mais clara, nesses casos, um camarão transparente com glitter ou totalmente transparente é sempre uma boa pedida. Em se tratando de plugs, opte pelos com um bom nado e tamanho um pouco reduzido, com trabalho de pequenos toques e paradas longas, eles podem garantir boas caputras, muitas vezes você poderá utilizar as mesmas iscas que utilizaria numa pescaria de mangue, desde que a isca não seja muito grande.

No fly, tive muito sucesso com pequenas imitações de camarão e pequenos streamers, mas uma isca que se destacou foi a Bicho Rebojador, que foi desenvolvida exatamente para imitar uma fêmea de barrigudinho, e como as valetas são cheias deles, dái o seu sucesso, caso queira tentar alguma ação na superfície, pode-se utilizar pequenos Bubble Divers. Vale ressaltar que para pescar com fly em tais locais, o ideal é uma vara no máximo #4 e curta, não há necessidade de se fazer arremessos longos, então até mesmo uma vara de Tenkara pode ser muito bem utilizada.

 


Legenda: Camarões artificias são sempre uma boa isca.

Legenda: Bubble divers

Legenda: Bicho Rebojador, um excelente fly que imita a fêmea do barrigudinho.

 

 

Em questão dos arremessos, costumo fazê-los iniciando com os próximos da margem para depois em direção ao centro da valeta, e primeiramente próximo de mim e gradualmente ir aumento as distâncias, pelo seguinte motivo, o espaço para os peixes é extremamente reduzido, e, acredito eu pelo menos, é de conhecimento geral dos pescadores de bait que arremessos demais no local, trabalho incessante de iscas e movimentação entorno do ambiente torna os peixes assustados e erradios, fazendo com que eles mudem de local ou parem de atacar, logo, faço meus arremessos da seguinte maneira a fim de aproveitar ao máximo o local tentando minimizar a pressão de pesca, e mesmo assim, frequentemente será necessário trocar de ponto.

 

Legenda: Uma breve idéia de como eu procedo nos arremessos para um máximo aproveitamento do local. Caso os peixes parem de atacar, só o que resta é mudar de ponto

 

O trabalho das iscas vai variar, na maioria das vezes os peixes estão escondidos no capim à beira da valeta ou próximos ao fundo quando se pesca no meio do local, então por vezes fazer o robalinho subir até a superfície torna-se difícil, porém é comum ver eles abocanhando a isca trabalhada logo abaixo da linha d’água. Não se surpreenda também se acabar pegando alguma espécie diferente, em pontos mais afastados do mar, onde a água é predominantemente doce, pode-se fisgar traíras (estas conseguem se desenvolver bem em locais apertados, então pode ser que sua tralha Ultra Light não dê conta), e próximo ao mar, já tive a felicidade de fisgar até mesmo uma pequena caranha.

 

 

Em suma, acredito que isso será o básico que você amigo pescador necessitará para começar a pescar robalos naquela valetinha que passa perto da sua casa de praia, espero que tenham gostado, desejos de boas pescarias

 

a todos e lembrem-se de praticar sempre o pesque-e-solte!

 

(Murilo Macionk)